quarta-feira, 21 de julho de 2010

Revelia

Revelia. Pobre arte fria, pobre de mim que só sei a ti fazer e desejar-te tal amante, amada. Arte da dor, do sofrer, de chorar e esvaziar-me por completo, depois torrente, enfim saudade - palavra maldita!Maldita e desejável como a outra, não a meretriz, a puta sofrida e dolorosa como o peso da sua alcunha. Desejável como a atriz menina, silenciosa e bandida que roubara de mim esse instante de vazia inspiração. Já que são seus os meus versos, minha muda palavra, minha arte perdida entre trilhões de bytes, gritarei, berrarei o mais alto para que chegue até o celeste, o etéreo: Desejo-te sem fim, enfim por saber de ti toda sua beleza!



Leonardo Moreira de Andrade

domingo, 27 de junho de 2010

Sou puro romance

Relendo uns cadernos onde eu sempre costumei escrever as tantas coisas que se passam dentro da minha cabeça, me deparei comigo mesma. E quis vocês nessa madrugada pra falar de amor, de coisas simples, de tecer nossos sentimentos e ao mesmo tempo conseguir transformá-los em uma conversa pura. Tenho andado silenciosa. Mas eu penso tanto! Isso vocês já sabem. Mas acontece que hoje eu percebi que não estou gostando nada desse silêncio todo. Acho que já deu! Entre Clarice, Vinícius e Kahlil Gibran (esse último, um poeta incrível a quem tenho que apresentá-los), achei trechinhos das minhas bobagens de alguns anos atrás. Caio ainda não tinha chegado pra mim - embora eu sempre tenho sido ele, mesmo sem saber -.

Mais um momento comigo antes de dormir. Só comigo. As vezes acho que sou diferente porque sinto as coisas de um jeito que raramente ouso dividir com alguém. Sou como uma janela emperrada: fechada ou totalmente escancarada. Sinto tanta coisa junta, que sinto necessidade de colocar pra fora e a maneira mais fácil de fazer isso é num papel. Nem sempre consigo passar os meus pensamentos para palavras, algumas vezes elas distorcem, subvertem o sentido daquilo. Sou puro romance. Quando pego o lápis, tudo se vai, como se algo estivesse me dizendo que tudo é só meu. Que só pertence a mim.
Eu acredito nos contos de fadas. Acredito no cinema. Me emociono com as coisas. Há emoção em tudo, mas nem em tudo a percebo. Estou tentando buscar lá no fundo de mim tudo isso. Mas tudo me escapa. Tudo é só meu. Não sou boa em olhar nos olhos. Eles me entregam, são as janelas pra o meu mundo. Eu ponho os óculos com a esperança de que eles de alguma forma não falem o que eu quero calar.
Me acho nos mínimos detalhes dos meus dias. A cada um, me renovo, me transformo em uma Larissa que não conheço e sou apresentada a mim mesma a cada pensamento.”


Não sei quando escrevi isso, mas me encontro na mesma situação que descrevo aí: Quando pego o lápis, tudo se vai, como se algo estivesse me dizendo que tudo é só meu. Que só pertence a mim. Ainda acredito nos contos de fada e no cinema e acho que hoje consigo ver a emoção em quase tudo. Ainda sou puro romance. Ainda sou essa janela emperrada e ainda estou me achando, renovando e sendo apresentada a Larissas que não conheço.


Um presente pra vocês:

"Nada pode nos afastar; nem eu, nem você podemos mudar esta relação. Eu quero que você se lembre pelo resto dos seus dias, que você é a pessoa mais importante do meu mundo. Que, mesmo que você e casasse sete vezes com sete homens diferentes, tudo continuaria igua em meu coração."
Kahlil Gibran



P.s.: Surpresos? Eu também!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Apresentando: Três na Nossa.

Por Leonardo Moreira

Tire a sua roupa e sinta a brisa leve da manhã ainda fria percorrer o seu corpo a provocar surtos, carnavais de arrepio. O clima é frio e de nenhuma forma lembrará as sensações Brasileiríssimas que se estampam no rubor das peles alvas ou nas lustrosas faces negras que desfilam sobre o sol que se levanta às margens dos nossos mares. A distância que se faz continental é a mesma entrelaçada a nossa vontade presencial de você, separada, aqui no Brasil, apenas por estados. Desejar e falar de um ser não táctil e nunca visto se não de forma virtual não é impossível, basta a mim a presença do nazareno para os que crêem, como afirmação de tudo que falarei por aqui. As palavras que acabo amontoando, perfilando em linhas pré-moldadas endereçam-se a uma mulher que dista de nós barreiras físicas, porém se aproxima nos embriões das nossas proles artísticas.Eu queria por demais falar, enumerar nessa página, onde se fariam necessárias inúmeras outras, de casos, noites embriagadas, porres, proles, peças, filmes, teatros, crenças debatidas cara-a-cara onde possível fosse sentir o bafo quente e alcoolizado, combustível de toda sanidade insana que nos pertence, mas até agora não fora possível. Este trabalho que nos permitimos fazer, que o Vitor aceitou de forma carinhosa e que acredito também ter sido aceito com a mesma intensidade por você, visa o misto das nossas tão diversificadas formas de arte e também o intercambio cultural de nossas raízes e costumes.

Próximo a você deve ter uma janela, uma porta esperando, chegue até ela, dispa-se e sinta então os tais arrepios que anteriormente elucidei. Sabe o que é? Uma forma sutil de o seu corpo dizer: saudades!


Por Larissa Fontes

Eu acredito na poesia. Acredito em todas as formas de amor. Acredito nas letras de musicas e nos sentimentos que levaram alguém a escrevê-las. Acredito na beleza da tristeza e na forca que ela nos dá.

Numa noite de me sentir só nesse outro lado do mundo, de olhar pela janela e sentir que tudo lá fora é triste, lembrei não sei por que e entendi o que o Zeca Baleiro sentia quando escreveu que “essa é a noite do cachorro doido”. O imaginei num bar, embriagado, sentindo o amor em sua forma arrasadora. Bonita tristeza.

Essas impressões e sentimentos não podem ser compartilhados com qualquer pessoa. Mas existem pessoas com quem você pode passar uma noite inteira na frente de um computador, divagando sobre sentimentos perdidos, passados, futuros, sobre uma forma melhor ou pior de enxergar a vida passando por você. Elas nem precisam aparecer pessoalmente, e mesmo assim algo leva você a ela. Algo une. Algo como um laço, que uma vez tocados por ele, nunca mais poderá largar.

Como diria meu amado Vinicius, “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

Nessa minha caminhada por blogs, encontrei uma pessoa fora do normal. Não sei de onde vem essa confiança, esse carinho de amizade sempre cultivada, quiçá com abraços, beijos, noites em bares, artes trocadas com admiração recíproca e verdadeira. Mas não. Não precisamos disso. Não para sermos amigos. Companheiros. Mesmo no desencontro. Pergunto-me de onde vem tudo isso, mesmo sabendo: vem da poesia. Da tua, da minha. Da nossa poesia.

Da minha admiração pela tua vontade de fazer arte a qualquer custo. E do teu jeito de enxergá-la em tudo. Dos teus medos compartilhados comigo em madrugadas pesadas de parecerem inacabadas. De te dar forca e dizer que amanhã vai ser outra coisa.

Dessa amizade, um novo encontro, mergulhado em poesia. Outra amizade a florescer sob esses olhos encantados. Que seja doce. Sete vezes. Todas as formas de arte, de poesia. De encontro.

Então vamos juntos, na nossa, na bossa, na nossa bossa.


Por Vitor Andrade

A idéia de ‘encontros’ sempre me pareceu muito encantadora. Não sei o porquê, nem de onde vem. Mas imagino um grande tabuleiro, e peças marcadas para se encontrarem em algum momento deste jogo. Os motivos estão por trás. A música. A poesia. A arte. O amor pelo que move esses corações fadados a viver e fazer arte. Intrínseca à rotina. Como um banho, um almoço, um sorriso, uma poesia.

Encontrar a Lari foi somar e multiplicar. Nunca subtrair. E é seguido pela certeza do que é construído com base na verdade, na arte, e na música. E nunca acaso. Uma atriz, uma mulher, uma beleza, uma artista, e um encanto. Testemunhamos os surgimentos de algumas madrugadas, regadas a uma boa conversa, a uma confiança que surgiu, por que tinha que existir, e sempre à inspiração. E o que a música une ninguém separa. Nesse círculo de blogspot, como certa vez, dissera certo mestre em uma das suas formas de expressão, e que me abraçou com carinho. Vida-longa a ele, a música, a tudo o que nos inspira.

Encontrar o Léo, ou simplesmente Moreira, foi também somar. Encontrar poesia, e uma parceria pra fazer da música, um pouco mais rotina. Firmado nesse universo – quase paralelo – da arte. Um intelecto, um sábio, um amigo, um artista. Outras noites, e madrugadas, onde a vontade de fazer da arte, vida, se fez presente nas conversas. A mesma vontade de viver de arte, permite que os gritos de inspiração aflorem, e tomem forma. É dele a (feliz) idéia do que estamos iniciando hoje. Fazer com que – ainda que aos poucos – todos percebam que a arte esta em tudo. Em mim, em você, e no mundo.

Que se inicie, e se perpetue. Como o desejo do Gil em "Drão": “Estende-se Infinito”. E vamos os três rumo ao que é nosso, na nossa. Os três na nossa.